Sobre valorizar o que se ama

Sobre valorizar o que se ama

Bem a pouco tempo ( 2019) me mudei de um consultório onde era alugado há muito tempo, para uma sala própria comercial. Depois de me casar, ter meu filho, essa talvez tenha sido a decisão mais importante da minha vida. Em minha família não é novidade que eu amo minha profissão . Eu posso dizer que escolhi a psicologia e a psicologia me escolheu.
Hoje entre um atendimento e outro estou organizado alguns materiais, documentos , relatórios e livros. Quando, de repente, cai de uma pasta, esse desenho que meu filho fez para mim quando ele tinha quase 7 anos. Tenho por hábito guardar os materiais artístico do meu filho e esse é especial, porque além dele ter sido feito para mim, me lembro que era sobre a profissão da mamãe. Na época, fiquei muito feliz e emocionada e como uma boa mãe psi perguntei o que era na tentativa de saber algo mais. Ledo engano. As crianças dizem o óbvio. De tão óbvio, a maioria das vezes não damos importância. E claro, não damos importância porque não entendemos.
E hoje, esse mesmo desenho, quase 3 anos depois, atravessa minha alma. Explico:
Nessa profissão, temos que escalar altas montanhas para se chegar ao cume e avistar algo. Depois descemos abruptamente por um longo tobogã, com muitas curvas e sempre muito alto, para depois, somente depois, percorrer um caminho que perpassa pelo coração. Todo caminho deveria passar pelo coração. Deveria ser obrigatório, tal percurso. Quando acessamos o coração e passamos por ele, é possível apreciar a vista, a passos de tartaruga. Mas, não uma tartaruga qualquer. Uma tartaruga que voa. Desafiando todas as leis da física, pois apesar do seu casco pesado, ela consegue voar, e voar muito alto, de forma lenta para apreciar a vista. Hoje se eu tiver que descrever um processo psicoterápico, pelo ótica da minha abordagem e pela ótica enquanto terapeutizanda, seria assim. E tudo isso graças ao meu filhote. Quanto a grafia estar errado, é mais que compreensível para uma criança nessa idade, mas essa mesma criança de forma muito simples desenhou e descreveu, a respeito de algo imensurável, o que me faz pensar nos ensinamentos do pequeno príncipe : “As coisas mais importantes da vida não são de ver, são de sentir.

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